segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pequenos Fragmentos da Vida de Beethoven

Interessante como os pensamentos brotam e nascem como flores do campo em nossas cabeças...

Após assistir o filme O Nosso Lar fiquei impressionada com a trilha sonora, mas uma música ficou latejando por muito tempo na minha cabeça. Já conhecia a melodia e fiquei em dúvida quanto à autoria. Acabei mergulhando sem querer na biografia de Ludwig Van Beethoven, sim é dele a autoria da melancólica Moonlight Sonata, mais conhecida como Sonata ao Luar.

São tantos os fatos e histórias que envolvem a vida de Beethoven, os quais renderam filmes e livros. Mas o que mais me chamou a atenção foi justamente como se deu a composição dessa, que foi uma das mais belas sinfonias de todos os tempos.

Quantas vezes em momentos de dificuldade e dor, pensamentos negativos tomam conta de nossa alma, sentimentos de tristeza, incompreensão, dúvidas, e a falta de fé nos assalta deixando que a palavra esperança perca totalmente seu significado.

...Beethoven vivia um desses dias tristes, sem brilho e sem luz. Estava muito abatido pelo falecimento de um príncipe da Alemanha, que era como um pai para ele.

O jovem compositor sofria de grande carência afetiva. O pai era alcoólatra e o agredia fisicamente, o mesmo faleceu na rua, por causa do alcoolismo. Sua mãe morreu muito jovem e seus irmãos nunca o ajudaram em nada, e, somando a tudo isto, o fato de sua doença agravar-se. Sintomas de surdez começavam a perturbá-lo, ao ponto de deixá-lo nervoso e irritado.

Beethoven somente podia escutar usando uma espécie de trombone acústico no ouvido. Ele carregava sempre consigo uma tábua ou um caderno, para que as pessoas escrevessem suas idéias e pudessem se comunicar, mas elas não tinham paciência para isto, nem para ler seus lábios.

Notando que ninguém o entendia, nem o queriam ajudar, Bethoven se retraiu e se isolou. Por isso conquistou a fama de misantropo (do grego: misánthropos = mis (miséo),odeio + ánthropos, aquele que tem ódio à sociedade, que evita a convivência.)

Foi por todas essas razões, que o compositor caiu em profunda depressão. Chegou a redigir um testamento, dizendo que iria se suicidar.

Mas como nenhum filho de Deus está esquecido, vem a ajuda espiritual, através de uma moça cega, que morava na mesma pensão pobre, para onde Beethoven havia se mudado e lhe fala quase gritando: -"Eu daria tudo para enxergar uma Noite de Luar".  Ao ouvi-la, Beethoven se emociona até as lágrimas. Afinal, ele podia ver! Ele podia escrever sua arte nas pautas!

A vontade de viver volta-lhe renovada e ele compõe uma das músicas mais belas da humanidade: "Sonata ao Luar" No seu tema, a melodia imita os passos vagarosos de algumas pessoas, possivelmente, os dele e os dos outros, que levavam o caixão mortuário do príncipe, seu protetor.

Olhando para o céu prateado de luar, e lembrando a moça cega, como a perguntar o porquê da morte daquele mecenas tão querido, ele se deixa mergulhar num momento de profunda meditação transcendental.

Alguns estudiosos de música dizem que as três notas que se repetem, insistentemente, no tema principal do 1º movimento da Sonata, são as três sílabas da palavra "why"? ou outra palavra sinônima, em alemão.


(fundo musical do vídeo por Dilermando Reis)

Anos depois de ter superado o sofrimento, viria o incomparável Hino à Alegria, da 9ª sinfonia, que coroa a missão desse notável compositor, já totalmente surdo. Hino à Alegria expressa a sua gratidão à vida e a Deus, por não haver se suicidado.

Tudo graças àquela moça cega, que lhe inspirou o desejo de traduzir, em notas musicais, uma noite de luar...

Usando sua sensibilidade, Beethoven retratou, através da melodia, a beleza de uma noite banhada pelas claridades da lua, para alguém que não podia ver com os olhos físicos.

Assim era Beethoven, um gênio, um dom, uma sabedoria, mas também um apaixonado, conforme você vai constatar por uma das cartas que escreveu à sua Amada Imortal. Uma carta que é um verdadeiro poema, uma sinfonia feita em prosa, uma luz que ilumina os corações. Um mistério que não foi desvendado, muitas teorias levantadas por historiadores e biógrafos quanto a revelação de quem seria aquela que nunca recebeu as cartas, pois as mesmas foram encontradas junto aos seu testamento.

(Pequeno fragmento do filme Minha Amada Imortal de 1994)

Manhã de 6 de julho

Meu anjo, meu tudo, meu eu... Por que esta profunda tristeza quando é a necessidade quem fala? Pode consistir nosso amor em outra coisa que em sacrifícios, em exigências de tudo e nada? Esqueceu de que você não é inteiramente minha e de que eu não sou inteiramente seu? Oh, Deus!

Contempla a maravilhosa natureza e tranqüiliza seu ânimo na certeza do inevitável. O amor exige tudo e com pleno direito: eu para com você e você para comigo. No entanto, duvida tão facilmente que eu tenho que viver para mim e para você. Se estivéssemos completamente unidos, nem você nem eu estaríamos nos sentindo tão desolados. Minha viagem foi horrível...

Alegre-se, você é o meu mais fiel e único tesouro, meu tudo como eu para você. No mais, que aconteça o que tenha que acontecer e deva acontecer; os deuses saberão o que fazer...

Tarde de segunda-feira. Você sofre. Ah! onde estou, também ali está você comigo. Tudo farei para que possamos viver um ao lado do outro. Que vida!!! Assim!!! Sem você... perseguido pela bondade de algumas pessoas, que não quero receber porque não as mereço. Me dói a humildade do homem diante do homem. E quando me acho em sintonia com o Universo, o que sou e quem é aquele a quem chamam o Todo Poderoso? E sem dúvida... aí então aparece de novo o divino do homem. Choro ao pensar que provavelmente não receberá minha primeira carta antes de sábado. Tanto como você me ama, muito mais a amo!... Boa noite! Devo ir dormir. Oh, Deus! Tão perto! Tão longe! Não é nosso amor uma verdadeira morada do céu? E tão sólido como as muralhas do céu?!

Ludwig Van Beethoven



2 comentários :

Diego disse...

Que linda história.
Fiquei emocionado ao lê-la.

Nara disse...


São histórias como esta que nossa humanidade está tão carente nos dias atuais Diego...Um abraço. Nara