sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Que o ano que se aproxima seja doce...


“Agradeça a boa sorte. Ignore o trovão. Ouça os pássaros. Ame o próximo.” Eubie Blake



Jarbas Agnelli viu a foto com passáros de Paulo Pinto no jornal Estadão e criou uma doce melodia, a qual virou um hit mundial.

"A Poesia está onde você menos pode esperar, depende apenas da forma que você olha"

Que o ano de 2011 seja tão doce quanto a música de Agnelli.



sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Natal de Jesus

A Sabedoria da Vida situou o Natal de Jesus frente do Ano Novo, na memória da Humanidade, como que renovando as oportunidades do amor fraterno, diante dos nossos compromissos com o Tempo.


Projetam-se anualmente, sobre a Terra os mesmos raios excelsos da Estrela de Belém, clareando a estrada dos corações na esteira dos dias incessantes, convocando-nos a alma, em silêncio, à ascensão de todos os recursos para o bem supremo

A recordação do Mestre desperta novas vibrações no sentimento da Cristandade.

Não mais o estábulo simples, nosso próprio espírito, em cujo íntimo o Senhor deseja fazer mais luz...

Santas alegrias nos procuram a alma, em todos os campos do idealismo evangélico

Natural o tom festivo das nossas manifestações de confiança renovada, entretanto, não podemos olvidar o trabalho renovador a que o Natal nos convida, cada ano, não obstante o pessimismo cristalizado de muitos companheiros, que desistiram temporariamente da comunhão fraternal.

É o ensejo de novas relações, acordando raciocínios enregelados com as notas harmoniosas do amor que o Mestre nos legou.

É a oportunidade de curar as nossas próprias fraquezas retificando atitudes menos felizes, ou de esquecer as faltas alheias para conosco, restabelecendo os elos da harmonia quebrada entre nós e os demais, em obediência à lição da desculpa espontânea, quantas vezes se fizerem necessárias.

É o passo definitivo para a descoberta de novas sementeiras de serviço edificante, através da visita aos irmãos mais sofredores do que nós mesmos e da aproximação com aqueles que se mostram inclinados à cooperação no progresso, a fim de praticarmos, mais intensivamente, o princípio do “amemo-nos uns aos outros”.

Conforme a nossa atitude espiritual ante o Natal, assim aparece o Ano Novo à nossa vida.

O aniversário de Jesus precede o natalício do Tempo.

Com o Mestre, recebemos o Dia do Amor e da Concórdia.

Com o tempo, encontramos o Dia da Fraternidade Universal.

O primeiro renova a alegria.

O segundo reforma a responsabilidade.

Comecemos oferecendo a Ele cinco minutos de pensamento e atividade e, a breve espaço, nosso espírito se achará convertido em altar vivo de sua infinita boa vontade para com as criaturas, nas bases da Sabedoria e do Amor.

Não nos esqueçamos.

Se Jesus não nascer e crescer, na manjedoura de nossa alma, em vão os Anos Novos se abrirão iluminados para nós.

EMMANUEL

(Do livro Fonte de Paz, Francisco Cândido Xavier



Presépio, 1931
Cândido Portinari (Brasil 1903-1962

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Caderninho


Um dia desses, eu li uma matéria na revista Cultura, a qual falava sobre o uso de caderninhos, agendas ou bloquinhos e minha cabeça começou a imaginar um monte de coisas como no desenho O Fantástico Mundo de Bobby.

Ufa! Fiquei feliz em saber que ainda existe um monte de gente que adora fazer, anotações em agendas, diários ou caderninhos como eu, e que não sou maluca, esquisita, atrasada ou coisa parecida...

Obviamente que tive um Diário quando criança com direito a cadeado e tudo o mais. Já na época da adolescência substitui por uma agenda a qual numa das folhas eu falava sobre o Rock in Rio, ACDC, James Taylor, Scorpions, enfim... Não fui! ainda era menor de idade e ali colocava a minha frustração e raiva, porque queria ir, rs. Mas o que me veio à lembrança, foram alguns diários famosos que me marcaram muito...
Como o de Anne Frank, uma adolescente judia, que escrevia o que sentia, pensava e o que fazia num esconderijo em Amsterdã, junto de sua família na tentativa de se esconder dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Anne dividiu seus sonhos, medos, amores, ilusões e desilusões com Kitty, seu melhor amigo, o diário que ganhou de presente no aniversário de 13 anos, sendo que hoje é atualmente um dos livros mais traduzidos em todo o mundo.

Ainda me lembro no filme Dança com Lobos, o qual o tenente John Dunbar, vivido por Kevin Costner teve um diário onde os dias decorriam e as páginas de seu diário iam se preenchendo, ocupando seu tempo até a chegada de seu novo amigo, um lobo. Foi triste quando esse diário caiu em mãos erradas e tudo o que estava ali escrito se acabou num instante.

Mas pode ser que para algumas pessoas o costume de fazer anotações seja por algum problema de memória, no meu caso reconheço que tenho lapsos de memória recente como o da peixinha Dory (Procurando Nemo), mas nada tão grave... Eu acho... Já que o fato de lembrar essas coisas que contei significa que talvez meus neurônios já não sejam os mesmos, mas consigo e ainda quero relembrar muita coisa, já que sou nostálgica de carteirinha... Meu caderninho é quase um amuleto, não ando sem ele de jeito nenhum. Ali têm todo tipo de informação, de telefones, frases que li e gostei, anotações, rabiscos e desenhos.

Adoro escrever a mão e não sou muito adepta dos meios de comunicações mais modernos. Sei muito bem que bebo dessa água da tecnologia, caso contrário não estaria aqui mais uma vez em frente ao pc... Mas no momento tenho repensado muito sobre as coisas mais simples da vida. E o meu caderninho ainda será por muito tempo a minha companhia e peso necessário, pois é sem dúvida também um companheiro inseparável.

Espero de coração que tenhamos muitas inspirações e independentemente se escrevemos num caderninho ou usando o teclado de um computador, que seja feito com sentimento e entrega, pois é na entrega que libertamos o que há de melhor em nós.

Termino com uma frase da minha heroína do dia, Anne Frank:

“O melhor de tudo é o que penso e sinto, pelo menos posso escrever; senão, me asfixiaria completamente”.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Doidas e Santas

Gosto muito da escritora gaúcha Martha Medeiros, me identifico muito com seus textos. Fiquei feliz ao saber que no último Enem em uma das questões havia uma citação do livro Doidas e Santas, o mesmo que virou peça teatral, com Ciça Guimarães estrelando. Compartilho um pedacinho do livro.


"Estou no começo do meu desespero/ e só vejo dois caminhos:/ ou viro doida ou santa." São versos de Adélia Prado, retirados do poema "A serenata". Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão - não sabe como receber um novo amor não dispondo mais de juventude. E encerra: "De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?"

Adélia é uma poeta danada de boa. E perspicaz. Como pode uma mulher buscar uma definição exata para si mesma estando em plena meia-idade, depois de já ter trilhado uma longa estrada onde encontrou alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente? Se ela tiver coragem de passar por mais alegrias e desilusões - e a gente sabe como as desilusões devastam - terá que ser meio doida. Se preferir se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a opção. Eu nem preciso dizer o que penso sobre isso, preciso?


Mas vamos lá. Pra começo de conversa, não acredito que haja uma única mulher no mundo que seja santa. Os marmanjos devem estar de cabelo em pé: como assim, e a minha mãe??? Nem ela, caríssimos, nem ela.


Existe mulher cansada, que é outra coisa. Ela deu tanto azar em suas relações, que desanimou. Ela ficou tão sem dinheiro de uns tempos pra cá, que deixou de ter vaidade. Ela perdeu tanto a fé em dias melhores, que passou a se contentar com dias medíocres. Guardou sua loucura em alguma gaveta e nem lembra mais.


Santa mesmo, só Nossa Senhora, mas, cá entre nós, não é uma doideira o modo como ela engravidou? (Não se escandalize, não me mande e-mails, estou brin-can-do.)

Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir, às vezes, que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo para o alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.


Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três destas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascinante.


Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.
*

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Índia Tainá e o Lobo-Guará

A vida prega peças, pensamos que estamos preparados pra qualquer coisa. Mas quando um lobinho sai da toca bate um sentimento estranho de angustia, tristeza, sei lá...
Só o tempo irá dizer...vai passar...enquanto o tempo passa tem os presentes da vida como esse lindo texto que é sobre lobos, mas principalmente uma história sobre a vida, sobre encontros e despedidas, sobre o caminho, o caminho que todos os seres atravessam... A vida, em busca do seu próprio caminho.
A Índia Tainá e o Lobo-Guará

Desde o princípio a criaturinha não saía do pé de Tainá. Aonde quer que ela fosse, lá estava ela, abanando o rabinho, cheirando tudo e qualquer criatura que passasse em seu caminho. A índia, ao mesmo tempo em que achava graça daquele monte de pelos sempre seguindo seus passos, morria de medo de distraída, tropeçar e cair sobre aquele frágil ser, esmagando-o com seu peso.

A bugre era uma guerreira: dividia seu tempo entre os afazeres da oca, a lida no roçado e os muitos seres viventes que dependiam dela para quase tudo, a começar pelo seu marido que, se por um lado, sempre voltava da floresta com caça e ervas em abundância, por outro, era incapaz, até, de achar suas flechas sem a sua ajuda; depois, havia as cabras que forneciam o leite tão importante para a tribo e que era de sua responsabilidade que estivessem protegidas no cercado e alimentadas; agora, como se não lhe bastasse mais nada, ainda tinha aquele pequeno ser que, antes de ter sido adotado por ela, a adotara, sem que lhe houvesse restado alternativa.

E era um tal de preparar papinha de mandioca com leite, manter os pelos limpos e livre de parasitas, protegê-lo dos animais maiores e dos insetos peçonhentos, esquentá-lo entre suas pernas nas noites mais frias... Enfim, tudo que se esperava de uma mãe e sua cria. Ela reclamava, claro, porque fazia parte, mas ela adorava aquela coisinha que mais parecia um gatinho, quando grunhia pedindo atenção ou reclamando por comida. Mas não, não era um gatinho e nem, começava a desconfiar, um cãozinho...

Pois não se esperaria tal comportamento de um animal que foi domesticado há séculos: o gosto prematuro por sangue, os pelos eriçados e a posição de ataque ao menor sinal de movimento de outro bicho, o espírito mais inquieto à noite, principalmente naquelas de lua cheia... Bom, o que era Tainá não sabia, o que sabia é que cachorro não era.

Como todo filhote, o bicho era curioso e a curiosidade foi, aos poucos, vencendo o receio. Cada saída para explorar o mundo, cada incursão na floresta o levava para mais longe e por mais tempo. O coração de Tainá foi ficando mais e mais apertado: estaria sua cria preparada para os perigos que espreitavam? Saberia ela achar o caminho de volta depois de uma excursão mais aprofundada no interior da mata?

A índia percebia que estava perdendo o controle da situação: cada vez seu bebê demorava mais para responder aos seus angustiados chamados e cada vez voltava com sinais mais estranhos em seu corpo, sinal que locais mais e mais longínquos haviam atraído a atenção do pequeno aventureiro.

Nem adiantava que Tainá pedisse, implorasse, ameaçasse, gritasse, nada segurava sua cria perto de suas pernas, como tanto a incomodava tempos atrás. A guerra se mostrou definitivamente perdida para ela numa noite clara de lua cheia. Do nada, o bicho começou a uivar longamente. Era disso que se tratava, afinal, um lobo. Mas não era um lobo qualquer, era o seu lobo. E se tinha uma coisa que doía no coração da pobre mulher é que o infeliz há tempos já não lhe dirigia nenhum som, exceto uns poucos grunhidos para indicar que estava com fome ou sede, mas para a lua era capaz de uivar por horas.

Poucas semanas depois, o lobo partiu em um de seus passeios pela floresta e não mais retornou. Tainá ficou muito triste, mas, também, resignada. Aquelas fugidas para a floresta, as ausências cada vez mais prolongadas tudo isso haviam ajudado a preparar seu espírito para o desfecho que se avizinhava.

Nossas crias não são nossas crias, são crias da vida. Nem mesmo da mesma espécie elas são. Suas necessidades, não são as nossas necessidades, seus anseios, não são os nossos.

Exceto por um pequeno espaço de tempo em que são dependentes de nós, as crias cedo ou tarde seguirão seu próprio caminho.

Tainá sabia que havia cumprido seu papel da melhor forma possível: ela havia alimentado, aquecido, defendido, consolado, amparado e principalmente, amado seu lobinho. Agora só lhe restava esperar que o melhor de si houvesse passado para seu filhote e que ele cumprisse seu destino.

Às vezes, principalmente nas noites de lua cheia, Tainá ouve um uivo ao longe. Isto basta para trazer um enorme consolo ao seu coração.

(Sérgio Dentes)






domingo, 7 de novembro de 2010

Aluga-se

Estava eu fazendo o almoço de domingo com direito a trilha sonora do disco “Abre-te -Sezamo” de Raul Seixas de 1980 e ao ouvir Aluga-se (diga-se de passagem, censurada na época juntamente com o Rock das Aranhas) lembrei de uma história, a qual não sei se a fonte é confiável, mas vá lá...Diz a lenda que uma vez Raul encontrou o então senador da república Tancredo Neves em algum aeroporto do país por volta de 1979 e foi logo dizendo, obviamente chapado, Senador eu tenho a solução para o Brasil, vamos alugar a porra toda!”“

E isso não é conversa pra boi dormir...


sábado, 30 de outubro de 2010

A Poderosa Ísis


O tempo mudou, o sol se foi e o vento começa a soprar, acho que vai chover...

A menina começa sua brincadeira preferida, brincar com o vento, ela quer voar, ah como ela quer voar, não tem medo do vento, a mãe chama: - Entra que vai começar a chover e você vai se molhar! Mas ela ignora, fecha seus olhos e se imagina Ísis, a poderosa Ísis (também conhecida como a deusa da simplicidade, protetora dos mortos e deusa das crianças, mera coincidência...).

Diz as palavrinhas mágicas: "Poderosa Ísis" e se transforma na heroína. Para tal, eram ditas as palavras: "Oh! Zephyr, que comanda o ar. Erga-me para que eu possa voar!" A partir daí começa o seu vôo, ou melhor, sua viajem... O tempo passou...A menina cresceu e continuou querendo voar, só que os vôos eram mais audaciosos.

Não foi fácil o aprendizado, algumas quedas, uma asa quebrada talvez, mas sempre se levantava e começava seu aprendizado de novo, aprender a voar...Ela só queria voar...Saber voar, mas pra que voar, pra onde ir, onde levariam os ventos agora mais fortes...

Todos nós queremos voar, cada um aprendendo de uma forma, passando por algumas tempestades quem sabe, quem saberá... Lição, cartilha, manual, ah pra esse tipo de vôo não tem não. É preciso, determinação, coragem e fé, só assim voaremos alto e atingiremos nosso destino. Cada qual escolhe sua viajem, sua bagagem e o destino. Companhia para vôo, talvez sim, talvez não...Melhor companhia quer saber? A sua própria companhia, leve-a contigo onde quer que vá, seu coração te dirá aonde ir e como enfrentar o medo do invisível e do impossível.

Que os bons ventos te levem aonde quer que vá...E mais uma vez a poderosa Isis entrará em ação, porque um dia toda essa tempestade irá passar...

Ah...a menina? Ah Ela continua voando, só que agora ela já sabe pra onde quer ir...

A Poderosa Ísis (título original: The Secrets of Isis) foi um seriado de televisão norte-americano dos anos 1975 e 1976 em 22 episódios. É o primeiro seriado live-action americano a ter uma super-heroína como personagem título. A protagonista era Andrea Thomas, interpretada por Joanna Cameron, uma professora de ciências e arqueóloga amadora que encontra um amuleto que teria pertencido a uma rainha egípcia. De posse do amuleto, Andrea pronunciava as palavras "Poderosa Ísis" e se transformava numa superheroína com incríveis poderes.
(fonte: Wikipédia)





domingo, 24 de outubro de 2010

Espaço

Cá estou, eu meu pc e meu teclado que insiste em não dar espaço...Espaço, sim essa é a palavrinha mágica que hoje preciso falar. São tantos espaços abertos e outros que preciso arrumar, e poronde começar...( olha a droga do teclado..) . Vamos lá... Preciso de espaço no armário, no guarda roupa e na estante. Como pode um ser humano arrumar tanta tralha e coisas que parecem ser importantes, ou melhor, de suma importância, porque carga d águas eu preciso guardar coisas que estão ali esperando sabe Deus o quê. Todo tipo de coisa, digo, por que sabe lá eu me apego. Ah o apego, que mal desnecessário na vida da gente. Pois bem, queria tanto, mas tanto me desapegar de tais coisas, mas cada coisa tem uma história e aí me vem minha infância, me vem meus amigos, me vem tanta coisa, que nem sei mais. Tenho minha cartilha, Caminho Suave, ba be bi bo bu, pois, pois, não consigo me desfazer, nem pensar, jamais. Meu caderno de música, encapado com palitinhos de fósforos delicadamente colocados com minhas mãozinhas tão inocentes, isso lá pelos meus oito anos de idade, e meu livro Reinações de Narizinho, ah não uma relíquia de Monteiro Lobato! Por que naquela época havia inocência, coisa descabida nos dias de hoje. Meus filhos, por exemplo, não encapam caderno, nem pensar, pra que...E eu perdida nas minhas velhas recordações e os espaços, ah os espaços, ainda preciso deles, preciso do desapego. Preciso, preciso, o verbo precisar. Preciso, tempo preciso, tanto preciso e ainda tenho espaço, um espaço dentro de mim, algo que precisa continuar ou quem sabe acabar. Tempo, tempo, tempo...ah e tem o teclado...esse vai pro lixo...logologo.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pequenas Alegrias

As pequenas alegrias fazem parte de nossa vida e não nos damos conta da importância que isso significa. No dia-a-dia, elas existem mais do que imaginamos, pode ser bobagem para muitos, mas é o que me dá força pra superar os problemas, melhor dizendo as oportunidades de aprendizado do meu caminho. Abaixo pequenas alegrias que existem sim, em meio às amarguras da vida. ( que trágico...)

  • Tomar café com minha prole antes de sair pra trabalhar.
  • Abrir a porta de casa e dar de cara com Julia, minha vizinha de 6 meses que tem o sorriso mais lindo do mundo...
  • Meu caminho até a estação em dias de inverno, acompanhada do sol... ah, o sol...como eu amo o sol...
  • Chegar no trabalho e receber um bom dia da ascensorista mais simpática que eu já conheci, a Maria, ela sabe o nome de todos e exatamente o andar que cada um vai ficar, detalhe...são 28 andares...
  • O cheirinho do café feito pela Dona Lucinda ou pela Cícera...isso não tem preço...
  • Tomar um capuccino junto ao meu amigo Wesley ( aquele que aguenta minhas teses e antíteses sobre todos os assuntos possíveis e imagináveis...)
  • Fazer um brinde ao timão (baixinho...) em uma cantina de palmeirenses no bixiga... (isso não tem preço 2)

Enfim...pequenas alegrias...

Poderia estar falando aqui do metrô, da chuva, dos malas sem alça, ou com... da rua cheia de buracos...mas isso fica pra outro dia porque hoje é dia de Pequenas Alegrias...
Compartilho video da querida Lucia Passos, com texto extraído do livro "Pequenas Alegrias" de Herman Hesse e fotos de sua autoria. Encantamento a primeira vista...

sábado, 2 de outubro de 2010

60 anos da turma de Snoopy e Charlie Brown

Os personagens da série Peanuts, mais conhecida no Brasil como A Tuma do Minduim, completam 60 anos. Criados em 1950 por Charles Schulz (1922-2000), as tirinhas mostram Charlie Brown e o seu cachorro Snoopy e contam com os adoráveis Linus, Marcie, Patty Pimentinha, Lucy, Schroeder, entre outros. E como essas tirinhas marcaram a infância de muita gente inclusive a minha, ( aliás eu adorava ver o snoopy dormindo em cima da sua casa), resolvi postar a última tirinha de despedida...


O que fazemos durante as horas de trabalho determina o que temos; o que fazemos nas horas de lazer determina o que somos. ( Charles Schulz )

Abaixo site bem legal com as tirinhas traduzidas:

http://tiras-snoopy.blogspot.com/




sábado, 25 de setembro de 2010

Esse lindo texto foi escrito por um amigo, o Sérgio, em homenagem a Camila, um anjinho que passou pela Terra e deixou seu sorriso como lembrança...


ESCONDE-ESCONDE

Mamãe, tá com você!

Conta até 100 que eu vou me esconder...

Mas não vale olhar, hein mamãe?

Eu vou me esconder bem escondida e quero ver você me achar...

Acho que você não vai me encontrar mesmo, mamãe, sabe porque?

É que agora eu tenho asas, só não conta pra ninguém, é segredo...

Agora eu posso me esconder em cima daquela árvore bem altona ou daquele prédio bem gigantão...

Não precisa ficar preocupada, mamãe, eu não vou cair. E se eu cair, eu não vou me machucar...

Agora eu não sinto mais dor, nem sinto frio, nem calor, eu nem preciso mais de agasalho...

E sabe o tempo que tiraram de mim? É meu presente pra você, tá numa caixinha que eu pus embaixo da sua cama, embrulhada com papel bonito e uma fita dourada...

Só não vai abrir ainda, eu aviso quando puder...Um dia você vai precisar dele, você nem sabe disso ainda, mas vai precisar...

Você tá chorando, mamãe? Não precisa, eu tô bem, agora tudo passou...

Mamãe, você tá olhando, não vale, começa a contar tudo de novo, só que agora conta até mil vezes um milhão, que eu vou me esconder de novo...

Eu também sei contar, mamãe, eu aprendi a contar até 2541, quer ver?

1, 2, 3, essa é a nossa casa?, ...90, 91, 92, quem é aquele velho de barba branca e roupa vermelha? ...241,242, hi, acho que tá nascendo meu dentinho, ...350, 351, olha, eu já ando sozinha, ...731,732, eu não quero ir pra escolinha, mamãe, me deixa com a vovó, ...1460, 1461, minha cabeça tá dodói, mamãe, ...2301, 2302, eu não quero ir pro hospital de novo, só se você ficar comigo, ... 2539, 2540, tá tudo escuro, mamãe e eu tô com tanto frio, ...2541, pronto, passou tudo...

Foi muito rápido pra você, mamãe? Tá bom, vamos começar de novo, mas agora você conta junto comigo...

Você cansou dessa brincadeira, mamãe? Vamos, não desiste, eu sei que você vai acabar me achando, você sempre acha... Não tem pressa, tá bom aqui...E depois que você me achar, a gente pode brincar de outra coisa...

Só não me acha logo se não, não tem graça... As mães sempre deixam as filhas ganharem, pelo menos por um tempo, né?

Mamãe, se você estiver cheia, a gente pode parar de brincar, a gente não precisa brincar o tempo todo... Eu só quero que você não deixe de brincar comigo, mesmo que não seja toda hora... Então, você vai ver , uma hora você me acha e, daí, eu nunca mais vou me esconder...

Sérgio Dentes

domingo, 15 de agosto de 2010

Pequenas Tristezas

Fiquei pensando em falar sobre tristeza também, porque não? Ela faz parte de nossas vidas também, assim como as alegrias. E aí me veio à cabeça sobre pequenas tristezas, nossa que triste...Acho que faria uma lista quase interminável de coisas que nos deixam tristes todos os dias. Todos os dias? Sim todos os dias! Não consigo passar indiferente diante do quadro que vejo no centro de São Paulo, que são os moradores de rua, pobres criaturas...Não tem jeito a não ser que eu mude de cidade, ou não... Porque esse problema social existe em todos lugares; pois não há políticas sociais sérias no nosso país; a não ser o trabalho de caridade e voluntariado. Na verdade foi mais um desabafo, nem tudo está perdido. Existe um grupo em São Paulo que procura resgatar a dignidade desta população de rua que é o Anjos da Noite, através de um trabalho muito bonito e gratificante. http://www.anjosdanoite.org.br/


“Aprendi que ninguém é morador de rua, as pessoas estão nessa condição por alguma contingência social ou problema familiar, e de alguma forma a gente vai poder modificar isso”, (Kaká Ferreira, presidente do grupo).


Abaixo vídeo da excelente entrevista no programa Provocações quando Antônio Abujamra recebe um ex-morador de rua; Sebastião Nicomedes; poeta e escritor; publicou o livro Cátia, Simone e Outras Marvadas, sobre a vida das pessoas que vivem nas ruas de São Paulo. Também escreveu e dirigiu peças de teatro sobre o tema: Bonifácil Preguiça, O Homem sem País, também um monólogo chamado “Diário de um Carroceiro". imperdível. Uma lição de vida para todos nós.



http://diariotiao.zip.net/
http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/programas/1260

Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
em cofre não se guarda coisa alguma.
em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela,
isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela.


Por isso melhor se guarda um vôo de um pássaro
do que um pássaro sem vôos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
Por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

Antonio Cícero, irmão e parceiro musical de Marina Lima

domingo, 1 de agosto de 2010

O que eu não sou

...Um dia o amor acaba
Invade a dor deságua
Transborda minha alma
Vazia está agora...

(Isadora Medella)



O que dizer das Chicas? Ganharam o Premio Tim 2007 de melhor grupo de MPB. Um grupo que veio para renovar a nossa MPB, tão sofrida nos últimos tempos. Regravam e dão nova vida a músicas que ficaram na memória e escrevem novas dando asas à imaginação...


http://www.myspace.com/chicasbarulho

Cacaso


Ah!

Ah, se pelo menos o pensamento não sangrasse!
Ah, se pelo menos o coração não tivesse memória!
Como seria menos linda e mais suave minha história!

Cacaso


Poeta em tempo integral, ensaísta, letrista, desenhista, principal articulador e teórico da poesia marginal, Cacaso foi, antes de mais nada, personagem totalmente singular numa hora em que a poesia foi eleita como a forma de expressão predileta da geração que experimentou, de forma cabal, o peso dos anos de chumbo. Num certo sentido, Cacaso nos colocou uma armadilha interessante: pensar sua poesia sem pensar na sua vida é quase errado.
(Heloísa Buarque de Hollanda)
fonte: http://www.mpbnet.com.br/musicos/cacaso/index.html







sábado, 17 de julho de 2010

Sereno, entrelaço os dedos e espero,
Sem me importar com vento, maré ou mar;
Não me enfureço mais contra o tempo ou o destino,
Pois veja!, o que é meu a mim virá.

Interrompo a minha pressa, faço delongas,
Pois de que serve essa marcha apressada?
Ergo-me em meio aos caminhos eternos,
E o que é meu conhecerá o meu rosto.

Adormecido desperto, de noite ou de dia,
Os amigos que procuro procuram por mim;
Nenhum vento pode impelir meu barco para fora do caminho,
Nem mudar a maré do destino.

O que importa se estou só?
Espero com alegria os anos que virão;
Meu coração colherá onde foi semeado
E armazenará seus frutos de lágrimas.

As águas conhecem o que é seu e dão nascimento
Ao córrego que jorra de grande altura;
Assim flui o bem com lei igual
Rumo à alma de puro deleite.

Noturnamente, as estrelas vêm ao céu
E a onda de maré até o mar;
Nem tempo,nem espaço, nem profundeza, nem altura
Podem afastar de mimo que é meu.

"Desça a rua, qualquer rua, gravando e fotografando tudo que você ouvir e ver. Vá então para casa e escreva a respeito de suas observações, sentimentos, associações e pensamentos. Depois compare suas anotações com as evidências fornecidas pelas fotos e fitas. Descobrirás que sua mente registrou apenas uma fração de sua vivência. O que você deixou de fora talvez seja o que você precise descobrir. A verdade pode aparecer apenas uma vez. Ela pode não ser repetida".

William Burroughs


domingo, 6 de junho de 2010

Florbela Spanca


De que vale no mundo ser-se inteligente, ser-se artista, ser-se alguém, quando a felicidade é tão simples! Ela existe mais nos seres claros, simples, compreensíveis e por isso a tua noiva de dantes, vale talvez bem mais que a tua noiva de agora, apesar dos versos e de tudo o mais. Ela não seria exigente, eu sou-o muitíssimo. Preciso de toda a vida, de toda a alma, de todos os pensamentos do homem que me tiver. Preciso que ele viva mais da minha vida que da vida dele. Preciso que ele me compreenda, que me adivinhe. A não ser assim, sou criatura para esquecer com a maior das friezas, das crueldades. Eu tenho já feito sofrer tanto! Tenho sido tão má! Tenho feito mal sem me importar porque quando não gosto, sou como as estátuas que são de mármore e não sentem.

Florbela de Alma Conceição Espanca Portugal
[1894-1930]
Poetisa
, in "Correspondência (1920)"