quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Imperfeita: ontem, hoje e sempre


Adoro e me identifico muito com os textos da Regina Volpato, de uma sensibilidade e sensatez digna de serem compartilhados. Segue abaixo um desabafo o qual, faço delas as minhas palavras, pego-as emprestadas por um instante de reflexão momentânea...



Imperfeita: ontem, hoje e sempre


Há apenas alguns meses trabalhando ao vivo na TV o que me chama a atenção é o tanto que se valoriza “o que não dá certo”. Boas entrevistas, convidados interessantes, conversas um pouco mais profundas têm repercussão muito menor do que os deslizes. Acho curioso porque na minha opinião, é justamente neste momento que a Vida se faz presente. É quando o roteiro falha que a Vida acontece de fato. “O que não dá certo”, o que não estava previsto e, portanto, o que é espontâneo é a graça da coisa. É aí que Vida se manifesta. “O que não dá certo” pode ser entendido como a única parte que deu certo, que é real. Que aconteceu porque tinha que acontecer. Sem respeitar determinações prévias.
A Vida quase nunca segue o script que desejamos. A todo momento nos vemos às voltas com o imprevisto, com “o que não dá certo”. Isso nos obriga a desenvolver a criatividade quando se busca uma vivência saudável. São os momentos em que nos superamos e somos obrigados a nos curvar frente a força dos acontecimentos. Observando a importância que se dão às nossas ‘gafes’ no programa Manhã Maior, exibido pela Rede TV! diariamente das 9 às 11 da manhã, vejo como os imprevistos e, portanto a Vida, podem assustar. Talvez a falsa ilusão de não saber contornar a situação possa desencadear um comportamento controlador e rígido. Consigo e com os outros. Talvez… não sou estudiosa no assunto. Sou só uma jornalista pensando.
Há muito tempo desisti de ser divina. Após muitas lágrimas e sessões de terapia consegui incorporar minha porção barro. Foi uma vitória e tanto! Um passaporte para minha liberdade. Sinto que assumir minha porção humana, que erra, esquece, confunde, pode soar como afronta. Paciência. Vivo melhor assim. Não sou perfeita. Nunca fui. Aproveito o embalo para dizer, também, que nunca fui santa.
Tenho medo de quem acredita/quer ser perfeito. Teve uma época em que eu tentava ser. Foi um desastre. Infelicidade total. Com 43 anos começo a desfrutar de alguma sabedoria recolhida durante minha existência. Uma delas? Ter a coragem de admitir que sei o que eu sempre soube. Que sou imperfeita e inacabada. Em constante transformação. A Regina de hoje não é a de ontem. Nem a de amanhã.
Tenho medo de quem não tem compaixão. Tenho medo de perder a saúde. De governo desorganizado. Medo de mim, quando fico furiosa. Das más intenções. De quem não tem bom humor. Não me assusta errar. Acho engraçado, consigo rir de mim mesma com facilidade. Também não tenho vergonha de ser espontânea. Desprendida. De ter rugas. Não tenho medo de ter medo. Não tenho medo de viver desarmada. Aposto na minha sensatez. E adoro quando me permito ser um pouco insensata. Perfeição? Isso para mim é ser escravo; cristalizado. É morte em vida.



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