sábado, 17 de julho de 2010

Sereno, entrelaço os dedos e espero,
Sem me importar com vento, maré ou mar;
Não me enfureço mais contra o tempo ou o destino,
Pois veja!, o que é meu a mim virá.

Interrompo a minha pressa, faço delongas,
Pois de que serve essa marcha apressada?
Ergo-me em meio aos caminhos eternos,
E o que é meu conhecerá o meu rosto.

Adormecido desperto, de noite ou de dia,
Os amigos que procuro procuram por mim;
Nenhum vento pode impelir meu barco para fora do caminho,
Nem mudar a maré do destino.

O que importa se estou só?
Espero com alegria os anos que virão;
Meu coração colherá onde foi semeado
E armazenará seus frutos de lágrimas.

As águas conhecem o que é seu e dão nascimento
Ao córrego que jorra de grande altura;
Assim flui o bem com lei igual
Rumo à alma de puro deleite.

Noturnamente, as estrelas vêm ao céu
E a onda de maré até o mar;
Nem tempo,nem espaço, nem profundeza, nem altura
Podem afastar de mimo que é meu.

"Desça a rua, qualquer rua, gravando e fotografando tudo que você ouvir e ver. Vá então para casa e escreva a respeito de suas observações, sentimentos, associações e pensamentos. Depois compare suas anotações com as evidências fornecidas pelas fotos e fitas. Descobrirás que sua mente registrou apenas uma fração de sua vivência. O que você deixou de fora talvez seja o que você precise descobrir. A verdade pode aparecer apenas uma vez. Ela pode não ser repetida".

William Burroughs